Ao longo do meu percurso de doutoramento em Educação na Universidade Lusófona de Lisboa, passei por diversas revisões teóricas, refazendo e ajustando minhas ideias inúmeras vezes. Esse processo foi marcado por um desafio constante de alinhamento metodológico com um dos meus orientadores, o que me fez repensar muito do que escrevi ao longo desses anos. No entanto, ao invés de transformar todas essas reflexões em artigos científicos, percebi que seria mais enriquecedor compartilhá-las com vocês aqui, de forma aberta e acessível.
Minha intenção com este blog é oferecer esses pensamentos e reflexões a quem, por diferentes motivos — seja a falta de tempo, recursos financeiros ou oportunidades — não consegue se dedicar a um mestrado ou doutorado. Quero que este seja um espaço de troca, onde minhas experiências e ideias possam alcançar aqueles que, mesmo fora do ambiente acadêmico, possam se beneficiar desse conteúdo. Ao longo dessas postagens, compartilharei um pouco da minha jornada, dos meus desafios e aprendizados, sempre buscando conectar esses pontos com algo maior: o nosso desenvolvimento humano e coletivo.
Quando pensamos em fazer um doutorado, o processo de escolha do objeto de estudo é uma das etapas mais difíceis, especialmente no início. Acredito que dividir minha experiência nesse sentido possa ajudar quem está prestes a embarcar nessa jornada. Além disso, as leituras e reflexões que venho colecionando ao longo dos anos talvez possam inspirar outros a compreenderem melhor a si mesmos, especialmente em relação ao nosso papel nessa complexa rede de conexões entre nós, os outros e o mundo.
Somos mais do que indivíduos isolados; somos parte de uma teia de comunicação, energia e expressão. Quando estamos bem estruturados e conectados, podemos avançar não só no nosso desenvolvimento pessoal, mas também contribuir de forma significativa para o desenvolvimento da sociedade como um todo. Neste blog, convido vocês a refletirem comigo sobre esses temas e a pensarem sobre o tipo de impacto que desejam gerar no mundo.
Vivemos em 2024, uma era de avanços tecnológicos inimagináveis, e, no entanto, ainda nos deparamos com pessoas passando fome, enquanto bilhões de dólares são gastos em guerras. Isso não é apenas uma questão de estratégia política ou poder econômico; é um reflexo da falta de consciência coletiva. Muitos, apesar de altamente educados ou financeiramente privilegiados, ainda cometem atos que, se não são condenados pela lei, são certamente imorais e antiéticos sob a ótica de qualquer ser humano que valorize o bem comum.
Meu objetivo aqui é compartilhar essas reflexões e, quem sabe, ajudar outros a enxergarem suas próprias trajetórias de forma mais clara e consciente. Juntos, podemos criar um espaço de aprendizado mútuo e, quem sabe, contribuir para um mundo mais ético e humano.
A compreensão e a interpretação são processos fundamentais para a transformação do indivíduo e da sociedade. Embora complementares, cada um desempenha um papel distinto no desenvolvimento intelectual. Compreender, ou seja, alcançar a intelecção, é o primeiro passo. Refere-se à capacidade de captar o que está explícito, de entender o significado direto das palavras e dos fatos. Quando lemos um texto, assistimos a uma palestra ou observamos um acontecimento, a intelecção nos permite apreender o que está sendo comunicado de forma literal, assegurando que a informação seja devidamente absorvida.
Entretanto, compreender é apenas o começo. O verdadeiro valor do conhecimento emerge quando damos o passo seguinte: interpretar. A interpretação vai além da mera compreensão, exigindo que adotemos uma postura crítica, capaz de julgar, analisar e fazer conexões mais profundas. Interpretar é, em essência, ler nas entrelinhas, entender os contextos, as intenções e os significados implícitos que, muitas vezes, estão escondidos. Esse processo nos convida a enxergar além do óbvio, a buscar o que não foi dito, mas que ainda assim está presente.
Na prática, interpretar envolve a habilidade de extrair conclusões e formular perguntas que nem sempre surgem de maneira imediata. O ato de interpretar transforma a simples absorção de informações em algo mais significativo, uma vez que nos permite aplicar o conhecimento a situações concretas e refletir sobre suas implicações. Ao interpretar, criamos novos significados, estabelecemos relações entre diferentes ideias e, principalmente, questionamos o que parece dado.
Por isso, a interpretação não deve ser subestimada. Ela é o momento em que o entendimento se aprofunda, quando a informação se transforma em conhecimento aplicável. Ao interpretar, o indivíduo não apenas replica o que foi compreendido, mas também gera novas ideias, abrindo caminhos para a inovação e o pensamento crítico. Interpretar é, portanto, ir além do que está escrito ou falado, é transformar o aparente em algo substancial.
Essa capacidade de ir além do óbvio nos torna mais conscientes e mais preparados para lidar com a complexidade do mundo. Quando exercemos a interpretação, desenvolvemos uma visão mais ampla e profunda, que nos permite enxergar com clareza tanto os detalhes quanto o panorama geral. E, dessa forma, transformamos o que antes era apenas uma série de informações em um conhecimento enriquecido e carregado de significado.